Nesta quinta-feira (9), Moscou foi palco da celebração dos 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazista com um desfile militar de grande porte na Praça Vermelha. O presidente Vladimir Putin conduziu a cerimônia, acompanhado por líderes internacionais como Xi Jinping, presidente da China, e Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil. A presença de chefes de Estado de países fora do eixo ocidental foi interpretada como um sinal de fortalecimento das alianças geopolíticas da Rússia em um momento de tensões crescentes com o Ocidente.
A parada militar reuniu mais de 11 mil soldados, veículos blindados, lançadores de mísseis e caças, além da participação de tropas da China e da Coreia do Norte. A exibição reforçou os laços militares entre Moscou e seus parceiros estratégicos asiáticos.
Durante seu discurso, Putin exaltou o papel da União Soviética na derrota do nazismo e aproveitou a ocasião para justificar as ações militares russas na Ucrânia, traçando paralelos entre os conflitos históricos e a atual “operação militar especial”. O tom do pronunciamento reforçou a narrativa oficial do Kremlin sobre a legitimidade de sua atuação na guerra em curso.
A participação do presidente brasileiro chamou atenção por ocorrer mesmo diante do mandado de prisão emitido contra Putin pela Corte Penal Internacional, da qual o Brasil é signatário. O Itamaraty justificou a presença como parte de uma política externa voltada ao diálogo multilateral e à autonomia diplomática.
Em contraste, líderes europeus reuniram-se na cidade ucraniana de Lviv, onde reforçaram o apoio à criação de um tribunal internacional para julgar possíveis crimes de guerra cometidos pela Rússia. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou duramente o evento em Moscou, classificando-o como uma tentativa de reescrever a história para justificar a agressão contra seu país.
A celebração deste ano reforçou as divisões políticas e estratégicas no cenário global, evidenciando o realinhamento de alianças diante do prolongado conflito na Ucrânia e da crescente polarização entre blocos geopolíticos.